HISTÓRIA

NOSSA HISTÓRIA

COLÉGIO DIOCESANO PADRE ROLIM – CAJAZEIRAS/PB

A história do Colégio Diocesano Padre Rolim confunde-se com a própria história da cidade de Cajazeiras. Tudo começou no final do século XVIII, em 10 de fevereiro de 1795, quando Vital de Souza Rolim e Ana Francisca de Albuquerque casaram-se e fixaram-se no Sítio Serrote, fazenda localizada no extremo oeste da Província da Paraíba, limite com o Ceará. Dessa união, nasceu, em 22 de agosto de 1800, Inácio de Souza Rolim que, desde de pequeno, demonstrava vivo interesse pelos estudos, sendo encaminhado ao Seminário de Olinda/PE, onde se ordenou Padre, em 1825.

Apesar de convidado a permanecer em Pernambuco, Padre Inácio de Souza Rolim retorna a Cajazeiras com o ideal de educar sua gente, instruir crianças e adolescentes (AMARO, 2003). Em 1829, o Sacerdote dava início às atividades da Escolinha da Serraria, uma pequena casa de madeira que abrigava meia dúzia de estudantes e que foi o embrião do Colégio Padre Rolim. Dado o alto nível do ensino que habilitava seus alunos a ingressarem no Curso Superior, a Escolinha da Serraria teve um aumento significativo de matrículas. Ao perceber a repercussão da escola na região, o Padre Rolim, em 1836, resolveu transferi-la para um prédio de alvenaria que, embora de pequenas proporções, melhor se adaptava às atividades a que se destinava.

O prédio ia aumentando com a matrícula de novos alunos, como relata o historiador Celso Mariz: ” A sua casa de ensino se fazia à proporção que chegavam os novos discípulos. Cada aluno esperava por seu teto, embora já encontrasse o seu livro.” (Através do Sertão – 1910).

Em 1843, com a autorização do Presidente da Província da Paraíba, o estabelecimento de ensino foi transformado em Colégio de Instrução Secundária, recebendo a denominação de Colégio do Padre Rolim. Surgia, então, o primeiro Colégio do interior da Paraíba, fato que levou o tribuno Alcides Carneiro a cognominar Cajazeiras de “a cidade que ensinou a Paraíba a ler”.

Tal como ocorreu com a Escolinha da Serraria, a procura pelas aulas do Colégio do Padre Rolim, em Cajazeiras, excedia as condições físicas de suas instalações. Além de alunos do interior da Paraíba, a escola recebia estudantes oriundos de vários municípios das Províncias do Ceará, Rio Grande do Norte, Piauí e Pernambuco.

Em torno do Colégio, desenvolveu-se a povoação fundada por Vital de Souza Rolim e Ana Francisca de Albuquerque, o que ajudou a projetar ainda mais esse estabelecimento de ensino no Alto Sertão, tendo como alunos figuras importantes, a exemplo do Cardeal Joaquim Arcoverde, o Padre Cícero Romão Batista, o Padre José Tomas de Albuquerque, o historiador Irineu Jofilly, o Desembargador José Peregrino, o jurista Aprígio de Sá, o Padre Manoel Mariano de Albuquerque, os médicos Luiz Correia de Sá e Higino Rolim, dentre outros.

Impulsionado pela fama dos ensinamentos do Padre Rolim, o lugarejo foi crescendo, com tamanho progresso que, em menos de cinquenta anos, passou de simples Povoado à condição de Vila, Sede de Comarca, e Cidade. Por essa razão, Padre Rolim passou a ser considerado o fundador de Cajazeiras, pois foi sua obra que alavancou o surgimento da cidade. Assim, afirma Souza (1981, p.15):

Como núcleo social, político, econômico e religioso, Cajazeiras tem sua originalidade singular, dentre todas as cidades do Brasil, excetuando-se São Paulo, pois teve, como a metrópole paulista, seus alicerces firmados em um estabelecimento de ensino. “Nasceu ao beiral de um Colégio”.

Entre 1855 e 1857, Padre Rolim ausentou-se para ministrar a cadeira de grego em Pernambuco, ocasião em que o Colégio esteve sob os cuidados de seus sobrinhos: José Tomaz de Albuquerque e Vital de Souza Rolim. Nesse mesmo período, devido a um surto de cólera –morbus, o Colégio foi transferido para uma fazenda na região dos Inhamuns, no interior do Ceará.

Padre Rolim também fundou uma escola particular para a educação feminina, que funcionava como anexo do seu Colégio. Em 16 de agosto de 1858, com a anuência do Presidente da Província da Paraíba, Beaurepaire Rohan, a Professora Vitória dos Santos Rolim de Albuquerque pode ensinar as primeiras letras do Ensino Primário para as meninas. Deve-se ressaltar que, nesse mesmo ano, foi fundado, na sede da Província, o Colégio Nossa Senhora das Neves, pioneiro em educação feminina na região.

No ano de 1860, o Colégio, que contava com 85 alunos, atingiu a sua fase culminante, incluindo aulas de Latim, Francês e Geografia em seu currículo. Em 1877, devido à grande seca que assolou a região, as atividades educacionais desse estabelecimento de ensino foram encerradas. Em 1882, findo o período da estiagem, Padre Rolim, já em idade avançada, tentou reabrir o Colégio, conseguindo apenas cerca de 12 alunos. Esse número reduzido de matrículas, aliado ao peso dos seus 82 anos, contribuiu para o fechamento do referido educandário.

Em 1903, Dom Adauto Aurélio de Miranda Henriques, Bispo da Diocese da Paraíba, determinou a reabertura do Colégio, agora sob a denominação de Colégio Diocesano Padre Rolim, cuja direção foi entregue ao Cônego Sabino de Sousa Coelho, sobrinho do Padre fundador. Um ano depois, o Colégio passou a ser dirigido pelo Vigário Marcelino Vieira da Silva Sobrinho; no entanto, mais uma vez, suas atividades foram interrompidas por falta de alunos.

Em 1914, o Papa Pio X criou a Diocese de Cajazeiras, que teve como primeiro Bispo Dom Moisés Coelho, sobrinho neto de Padre Rolim. Em 1915, o Colégio Diocesano Padre Rolim foi restaurado e entregue à recém fundada Diocese de Cajazeiras, sendo reaberto em 29 de junho do mesmo ano, sob a direção do Padre José Viana.  

No ano de 1916, começou a tramitar, na Assembleia Legislativa, o projeto de lei para equiparação do Colégio Diocesano Padre Rolim à Escola Normal do Estado da Paraíba. A equiparação foi concedida por meio da Lei nº 434, de 13 de novembro de 1916 e, mais tarde, em 1918, com a implantação do Curso Normal, esse estabelecimento de ensino passou a ser denominado Escola Normal Padre Rolim, sob a direção do Monsenhor Constantino Vieira da Costa, tendo como professores figuras expressivas, a exemplo do poeta Cristiano Cartaxo e do mestre Hildebrando Leal. Afirma Souza (1981, p.66) que:

A instalação da Diocese e posse do seu primeiro Bispo, um sobrinho do Padre Rolim e bisneto de Mãe Aninha […] criaram condições de um novo surto de desenvolvimento […] abriram-se colégios […] o Comercial e o Estadual […] numerosas escolas primárias nos subúrbios.

Nesse período, o Colégio Diocesano Padre Rolim passou por sérias dificuldades e, novamente, em razão do reduzido número de alunos, teve que encerrar suas atividades, voltando a funcionar no ano de 1931, sob a direção do Padre Gervásio Coelho, quando foi equiparado ao Colégio Pedro II, no Rio de Janeiro, ocasião em que passou a funcionar como Ginásio.

Em 1934, Dom João da Mata, segundo Bispo de Cajazeiras, deu início à construção do Colégio Diocesano Padre Rolim no local onde permanece erguido e onde havia funcionado uma das casas de caridade do Padre Ibiapina. Deixando-o com dois pavimentos, Dom João da Mata, no dia 06 de janeiro de 1939, o entregou à direção dos Padres Salesianos que, em 1940, construíram a Capela Nossa Senhora Auxiliadora ao lado do então Ginásio Salesiano Padre Rolim. Os Padres Salesianos permaneceram na administração até o ano de 1959, ocasião em que o Colégio voltou a ser administrado pela Diocese.

Sucederam os Padres Salesianos: o Padre Vicente de Sousa Freitas, Padre Luiz Antônio, Padre Raimundo Honório Rolim, Padre Gervásio Fernandes de Queiroga e Padre Dagmar Nobre de Almeida.

Em 1972, o Colégio foi entregue à direção do Cônego Luiz Gualberto de Andrade, que permaneceu no cargo até o ano de 1991. Durante a sua gestão, em 1975, o Cônego Gualberto fundou o Curso Técnico de Enfermagem que funcionava nas dependências do Colégio.

Após o mandato do Cônego Gualberto, o Colégio passou a ser dirigido pelo leigo Professor Francisco de Assis Damasceno, que foi sucedido pelo Padre Antônio Luiz do Nascimento. Sob a administração deste último, o Colégio Diocesano Padre Rolim, que já vinha com um número reduzido de alunos, teve que encerrar, mais uma vez, as suas atividades.

Atualmente, a estrutura do Colégio Diocesano Padre Rolim é considerada de grande valor para a história e memória da cidade de Cajazeiras, pelo Instituto de Patrimônio Histórico e Artístico do Estado da Paraíba – IPHAEP e pelo Decreto nº 25.140, de 28 de junho de 2004 (ROLIM, 2010).